Suponha que um serviço de previsão meteorológica utilize, em tempo real, os registros de atividade enviados pelo sensor do limpador de para-brisas de todos os carros conectados em circulação, com o objetivo de confirmar (ou negar) suas previsões em determinada região de cobertura. Isso já é realidade e está acontecendo agora, no The Weather Channel dos EUA.
Esse é apenas um exemplo das possibilidades da IoT (Internet of Things) ou, em português, Internet das Coisas. Você talvez já tenha ouvido falar da sigla por aí, mas vamos a uma definição precisa da consultoria Gartner: a “Internet das Coisas é a conexão em rede de objetos físicos que contêm tecnologia embarcada para se comunicar e sentir ou interagir com seus estados internos ou o ambiente externo”.
O termo “Internet das Coisas” não é novo: foi criado em 1999 por Ashton Kevin, um pioneiro nos trabalhos com redes RFID (Radio-frequency identification) e cofundador do Auto-ID Center do MIT, numa apresentação para a equipe de Supply Chain da P&G (Procter & Gamble), que descrevia possibilidades de uso do RFID combinado com a então recém criada tecnologia: a “Internet”.
Recentemente, em entrevista para a BBC, ele lamentou dizendo que deveria ter escrito “Internet ‘PARA’ as Coisas” (IoT Internet for Things), gramaticalmente mais adequada.
Nas palavras do escritor francês Victor Hugo, “Nada é mais forte do que uma ideia cujo tempo chegou.”. Levou tempo para criarmos as condições certas que permitem o avanço da IoT como a eliminação de algumas barreiras técnicas (hardware e software) e a disponibilização da infraestrutura de comunicação necessária, resultado dos últimos 10 anos, nos quais o custo dos sensores, da comunicação de dados e do processamento caiu respectivamente 2, 40 e 60 vezes.
Mas o futuro chegou e as oportunidades existem em todas as áreas imagináveis: o potencial da IoT é imenso e vem ainda amplificado pelos também recentes avanços da Inteligência Artificial (AI-Artificial Intelligence) e Big Data Analytics.
Qual o impacto da IoT no Supply Chain?
De forma simplista, os processos de gestão da cadeia logística buscam entregar o objeto certo, no tempo, lugar, quantidade, estado de conservação corretos, ao custo certo (baixo). São inúmeros os casos de uso de IoT no Supply Chain se considerarmos os objetivos acima.
Um exemplo é o uso de computação vestível (Wearable Devices) em armazéns e centros de distribuição, onde a separação e preparação de pedidos (picking) vem sendo otimizada com o uso de óculos inteligentes que interagem com a já tradicional identificação por códigos de barras.
O uso de etiquetas RFID (Radio-frequency identification) de última geração é um dos fatores chave para permitir ganhos de eficiência em diversos processos da cadeia de suprimentos nas indústrias, transportadoras, armazéns e lojas, isso por meio da contagem de inventário em tempo real, conferência de pedidos separados, localização e movimentação de produtos, etc.
Para ações de marketing e relacionamento com o consumidor no interior das lojas, as empresas têm adotado os “beacons”, sensores com a tecnologia sem fio Bluetooth de baixa energia (BLE Bluetooth Low Energy) que podem iniciar ações contextuais de marketing de proximidade quando as pessoas e seus smartphones ou tablets estiverem na faixa de leitura.
É uma espécie de GPS indoor, capaz de localizar com precisão a posição do cliente dentro da loja e enviar a ele ofertas e conteúdo personalizados, com base no seu perfil, interesses e histórico com a marca. Apple, Tesco, Macy’s são exemplos de varejos que adotaram soluções baseadas no protocolo iBeacon da Apple, que é um dos players desta tecnologia.
Back to Basics: a excelência no básico
Para que sua empresa possa aproveitar ao máximo esta “(r)evolução” da IoT no Supply Chain, é imprescindível garantir que os projetos estruturais tenham sido implementados e que os sistemas e processos básicos de gerenciamento da cadeia de suprimentos estejam sendo executados com a máxima eficiência possível: “Back to Basics”.
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