Estamos em um momento no qual todas as pessoas e organizações devem prezar pelo planeta em que habitamos, para garantir a saúde e bem-estar das futuras gerações. E uma das principais formas de fazer esse cuidado é reduzir a quantidade de carbono que emitimos na atmosfera. Isso é tão importante, que tem feito parte das metas de muitas empresas, como calcular a pegada de carbono em suas operações, principalmente na logística.

Conhecer a emissão de carbono da frota é uma forma de entender o que o transporte significa para a sustentabilidade e o que pode ser feito para reduzir a emissão e desacelerar os problemas ambientais, melhorando a qualidade de vida no planeta.

A seguir separamos algumas dicas para te ajudar a fazer parte desse movimento sustentável e que te ajudarão a entender os benefícios de apostar m uma logística mais sustentável com a redução da emissão de carbono por parte dosa seus veículos. Confira!

Os danos causados pelo excesso de carbono

Você já deve saber que o carbono em excesso emitido pelos caminhões é danoso para a saúde humana e para o meio ambiente em geral. Nos grandes centros urbanos, o diesel é responsável pelos poluentes que saem dos escapamentos de veículos de carga (caminhões e ônibus, principalmente), lançados diretamente no ar.

Os poluentes principais são óxidos de carbono (CO e CO2), óxidos de nitrogênio (NOx), óxidos sulfúricos (SOx) e hidrocarbonetos aromáticos (HA).

Levando essas questões em consideração, é explicável o porque a sustentabilidade ser um tema bastante atual, envolvendo todos os setores da sociedade, especialmente a economia. No contexto da logística, a realidade não é diferente. Prova disso é que hoje muito se fala a respeito do transporte sustentável.

Durante muito tempo, as indústrias e os veículos foram considerados fontes de poluição muito danosas para o meio ambiente. Hoje, no entanto, busca-se modificar esse cenário, adotando estratégias e ferramentas que ajudem a gerar riqueza sem agredir tanto a natureza e a vida das pessoas.

Vamos entender melhor a fonte dessa poluição?

Monóxido de carbono (CO)

O CO, ou monóxido de carbono, consiste em um gás incolor, insípido e inodoro que prejudica a oxigenação, sendo, portanto, uma substância asfixiante. Isso porque ele se liga à hemoglobina do sangue — que carrega o oxigênio (O2) dos pulmões para as diferentes partes do corpo humano.

Dióxido de carbono (CO2)

O CO2 é um dos poluentes que mais contribuem para o efeito estufa, favorecendo o aquecimento global. Entre os resultados catastróficos desse efeito recentemente estão o tsunami asiático de 2004 e a inundação no estado do Espírito Santo, em 2013.

Dióxido de nitrogênio (NO2)

O NO2 é um gás invisível e com cheiro forte, que irrita os olhos, o nariz e as mucosas. Pode causar doenças respiratórias e infecciosas.

Quando lançado na atmosfera, esse gás pode se transformar em outro composto, o ozônio (O3). Capaz de oxidar algumas substâncias químicas que formam as células, ele pode lesioná-las ou mesmo matá-las.

Dióxido de enxofre (SO2)

O SO2, ou dióxido de enxofre, é lançado no ar principalmente por caminhões e ônibus. É um gás amarelado e irritante com cheiro de enxofre.

O gás é bastante solúvel e, quando chega na mucosa, passa por uma metamorfose, virando ácido sulfúrico, que predispõe o organismo a infecções respiratórias.

Hidrocarbonetos

Os hidrocarbonetos (HCs), formados por hidrogênio e carbono, são emitidos por combustíveis fósseis, como gasolina e óleo diesel.

Os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) podem gerar câncer e são poluentes particulados, como a fuligem — a fumaça negra que vemos saindo dos escapamentos dos veículos. Nesses casos, quanto menor for a partícula, maior será sua absorção em trocas gasosas do pulmão, comprometendo não somente o sistema respiratório, como também todo o organismo.

O que a legislação diz sobre o tema?

A questão da sustentabilidade, por ser de interesse geral da sociedade, é amplamente regulada pelos Poderes Públicos, especialmente a partir de normas e leis que tratam do tema. Nos últimos anos, tem-se percebido um enrijecimento dessas normas, exigindo uma postura ainda mais responsável e firme por parte das empresas que atuam no segmento.

Atualmente, as transportadoras precisam se atentar não só à questão das emissões de gases poluentes, mas também às condições gerais de manutenção da frota, atendendo aos padrões estabelecidos pela legislação. No mais, precisam estar atentos à produção de resíduos, em atendimento à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), destinando corretamente todo o material que é gerado e descartado das suas atividades. Nesse ponto, a logística reversa tem se tornado ainda mais importante.

As regulamentações da Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) também são exemplos de como o setor tem sido intensamente modificado em razão das questões ambientais e de segurança. Nesse ponto, por exemplo, destaca-se o maior rigor no transporte de substâncias perigosas, tanto por parte das empresas quanto por parte dos motoristas.

Descarte correto de materiais

O reforço na questão da sustentabilidade na logística hoje também se relaciona com o descarte correto de materiais e resíduos provenientes das atividades desempenhadas pelas transportadoras e, de igual maneira, das empresas embarcadoras.

No cenário dos transportes, além da degradação gerada pelos resíduos químicos lançados no ar, como mencionado, é preciso considerar que esse é uma atividade que gera muitos outros dejetos. Por exemplo, a operação contínua dos veículos ocasiona um alto gasto de pneus e, por consequência, o descarte de carcaças desse produto.

A borracha dos pneus, como se sabe, é um material altamente nocivo ao meio ambiente, quando não descartado corretamente. Além disso, ela leva muito tempo até que seja inteiramente decomposta no meio. Para contornar esse problema, muitas empresas optam pela recapagem dos pneus, prolongando a vida útil das carcaças e reduzindo a quantidade que é eliminada.

Somada a essa questão, existe também o problema dos fluídos. Veículos de carga produzem grandes quantidades de óleo de motor, câmbio e outros. Esses resíduos precisam ser direcionados ao destino correto, evitando que contaminem o solo, os rios e a vegetação.

Manutenção preventiva

A manutenção adequada da frota também tem uma grande representatividade quando o objetivo é promover um transporte sustentável. A verdade é que veículos em ordem, com a manutenção em dia, tendem a ser menos nocivos à natureza.

Nesse sentido, estabelecer e cumprir com rigor um cronograma de manutenções preventivas na frota, sem dúvida, pode ajudar a empresa a imprimir operações mais sustentáveis, reduzindo, por exemplo, o consumo de combustível a partir da correção de falhas.

Além disso, a manutenção preventiva é base para o reforço na durabilidade de componentes dos caminhões. Nesse ponto, é possível prolongar a vida útil de peças mecânicas, evitando que sejam precocemente substituídas e descartadas.

A responsabilidade das empresas

Diante desse cenário, é essencial a participação das empresas transportadoras e de outras que utilizam o modal rodoviário para reduzir a emissão de carbono dos caminhões de carga.

O governo vem investindo em programas para ajudar a reduzir a poluição dos veículos. Um exemplo é o Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores), criado pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente).

Trata-se, basicamente, da aplicação de estratégias e de tecnologias industriais que já existem, ajustando-as à realidade do nosso país. Outro programa é o Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares), um complemento do Proconve.

Por meio do Pacto Global da ONU, empresas do mundo inteiro se reuniram para desenvolver princípios que abrangem diversas áreas — inclusive a natureza e o meio ambiente. Contudo, somente 1.118 empresas brasileiras (das mais de 18 milhões existentes) participam do programa da ONU.

Os caminhões sem carga

No Brasil, o modal rodoviário roda 40% do tempo sem carga. O total de quilômetros percorridos assim, dentro do período anual, é algo considerável: daria para realizar a volta ao mundo 300 mil vezes!

Bom, certamente, além de ser um problema ambiental, um caminhão que roda sem carga também é um mau negócio para as finanças. Por isso, é necessário desenvolver estratégias de combate à ociosidade na malha rodoviária.

Usando a capacidade excedente disponível nesses veículos, evitando o trajeto percorrido sem carga, se poderia reduzir a emissão de carbono dos caminhões de carga em 15,6 milhões de toneladas anuais. Afinal, a tecnologia pode ajudar nessa luta.

Com o auxílio de um bom software, é possível identificar caminhoneiros que se ajustam às necessidades da empresa que necessita de transporte de carga. Esses caminhoneiros podem, assim, aproveitar o caminho de volta para fazer o transporte de carga de diferentes empresas, evitando o retorno ocioso, sem carga.

Com essa tecnologia, todos saem ganhando: a empresa que necessita do serviço; o caminhoneiro, que não tem prejuízos com o retorno ocioso; e o meio ambiente, que fica menos poluído.

As rotas bem traçadas

Outra solução para reduzir a emissão de carbono dos caminhões de carga é traçar rotas estratégicas, que contemplem distâncias menores entre a origem e o ponto de destino.

Além de contribuir com o meio ambiente, controlando a emissão de gases poluentes, essas rotas estratégicas otimizam a segurança da carga e tendem a satisfazer o cliente, que recebe sua encomenda dentro do prazo, sem atrasos.

Os veículos elétricos

Os veículos elétricos já estão sendo usados em grandes cidades do mundo como meio de transporte de carga — e não é à toa: eles não emitem gases poluentes, o que é vantajoso para o meio ambiente. Além disso, não há consumo de combustível, o que representa mais economia para a empresa.

Esses veículos podem alcançar a categoria dos caminhões, o que será muito melhor para transportadoras, caminhoneiros autônomos e empresas que demandam o serviço de transporte de carga.

As opções de combustível

O combustível que menos polui o meio ambiente é o álcool, e o mais poluente é o óleo diesel. Já a gasolina polui mais que o álcool e menos que o diesel. Diante disso, uma das soluções para tornar o transporte sustentável é recorrer a outro combustível — mesmo que isso represente, a princípio, maiores custos para a transportadora ou o caminhoneiro.

O etanol de cana, por exemplo, pode reduzir a emissão de carbono dos caminhões de carga em até 92%. O etanol, ou álcool etílico, é de origem vegetal e constitui uma fonte de energia renovável, proveniente da cana, do trigo, da cevada, do milho e de outras plantas. Já o etanol hidratado é aquele vendido nos postos de combustível.

O etanol anidro é misturado à gasolina, e o etanol celulósico (de segunda geração) é gerado a partir da biomassa de diferentes fontes, como palha, bagaço e folhas da cana-de-açúcar.

Muitos motores a diesel hoje têm capacidade para funcionar com 95% de etanol e 5% de um aditivo especial, como o Masterbatch ED 95. Esse aditivo possibilita aos motores configurados para funcionar a diesel utilizar etanol hidratado, sem que a eficiência do veículo fique prejudicada.

Enfim, com algumas providências, é perfeitamente viável investir em sustentabilidade ao mesmo tempo em que sua frota permanece eficiente. Basta, como vimos, analisar e tomar as melhores decisões sobre recursos e tecnologias.


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