No início da década de 80, as empresas na Europa começaram a discutir qual era o foco do seu negócio. Um exemplo prático: a fim de gerar menor despesa e permitir que se focalizasse no negócio propriamente dito, muitos negócios terceirizaram a limpeza, enquanto outros terceirizaram a segurança. Ou seja, em vez de controlar os profissionais, passaram a controlar uma empresa de segurança ou uma empresa de limpeza.
A reboque desse processo, as indústrias continuavam a se fazer a pergunta: ”devemos terceirizar mais o quê?”. Logo perceberam que não era vantajoso fazer o próprio controle de estoques ou o estoque dos produtos ou o gerenciamento do transporte; as grandes empresas perceberam que as atividades logísticas demandavam, além de alta especialização, investimentos vultosos. Então, os dirigentes das indústrias concluíram que tudo que se referia a armazenagem, movimentação física, controle de estoque, transporte e entrega de produtos poderia ser terceirizado, pois não fazia parte do core business das empresas.
O passo seguinte foi buscar alternativas. Os industriais perceberam que 90% desses processos (armazenagem, movimentação, física, transporte e entrega de produtos) eram realizados pelo transportador. Assim, num primeiro momento, os transportadores assumiram tais tarefas, porque tinham know-how, sabiam mexer com mercadoria, tinham espaço físico para armazenagem, sabiam fazer guarda de produto, controle de estoques e conferência de mercadorias.
Em 1987, especialistas em terceirização procuraram a Pirelli italiana, fabricante de fios, cabos e pneus, e levantaram a seguinte questão: “vocês têm de investir milhões de dólares para fazer um sistema de armazenagem de seus pneus. Precisam comprar racks, porta-paletes e softwares. Também desenvolver um projeto de manutenção física, fora o terreno que vocês têm aqui na Itália para armazenar todos os pneus”. Os executivos da Pirelli retrucaram: “vamos investir em armazenagem, e não investir em pneus? Por que não usamos esses mesmos milhões de dólares para investir em tecnologia de produto?”. Assim, em 1987, a Pirelli, na Itália, contratou uma transportadora chamada Fintransporti para cuidar de sua logística. Nascia a primeira operação logística terceirizada por uma grande indústria na Europa.
A atividade de Operadores Logísticos no Brasil
No Brasil, em 1989, para atender a mesma Pirelli no País, foi criada a Brasildocks. Foi administrada pelo italiano Mario Gorla, que passou a gerenciar as operações logísticas da fabricante de pneus no Brasil. Em 1991, a holandesa Philips fez a mesma coisa: separou a produção da logística. Aproveitando o nome de um departamento interno denominado Divisão de Distribuição Física, a Philips criou a DDF. Logo começou a cuidar dos negócios da própria Philips e também de outras empresas. Depois, no Brasil, a DDF acabou comprada pela suíça Danzas, que arrematou a DHL e, mais recentemente, a Excel Logistics.
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Algumas outras empresas de transportes montaram estruturas em separado, quando foram convidadas a assumir o processo de logística industrial. Concluíram, desde logo, que seria melhor separar os negócios de transporte de outros. Referindo-se a operação logística propriamente, como armazenagem e controle de estoques. Exemplo desse processo é a Unitown (empresa de transportes), que criou a Unidocks (operador logístico) – em 2003, a operadora logística especializada em produtos farmacêuticos foi adquirida pelo grupo inglês Excel, coroando a trajetória de sucesso do empresário Domingos Gonçalves de Oliveira Fonseca. Da mesma forma, o MIRA Transportes criou a Target Logistics.
O que falta para muitas empresas de transportes para se transformarem em operadores logísticos é know-how em tecnologia. Afinal, não é de uma hora para outra que um transportador pode dominar tecnologicamente os softwares de WMS (Warehouse Management, ou Sistema de administração de Armazém), TMS (Transportation Management System, ou Sistema de Administração de Transporte) e ERP (Enterprise Resource Planning, ou Planejamento de Recursos Empresariais). Basta dizer que um software SAP R3, um dos mais completos programas de ERP – essencial na coordenação das atividades logísticas – custa alguns bons dólares… Em 1997, o SAP R3 foi a ferramenta que garantiu a implantação das operações logísticas coordenadas pela Target Logistics, por exemplo.
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Empresas estrangeiras no Brasil
No final da década de 1990, começaram a entrar no Brasil grandes empresas estrangeiras de operações logística. Entre elas a Ryder, a TNT logistics, a Excel e a DHL. Paralelamente, verificou-se um boom de empresas que passaram a se autodenominar “operadores logísticos”, mas que não tinham nenhum preparo ou estrutura para atuar no setor. De um operador logístico em 1987, a Brasildocks, o País só conseguiu chegar a dois operadores em 1991, com o início das atividades da DDF. E até meados da década de 1990, eram pouquíssimas as empresas que se autodenominavam “operadores logísticos”. No ano de 2000, contudo, mais de 100 empresas apresentavam-se como atuantes no setor. E hoje qualquer caminhoneiro autônomo, motoboy ou despachante aduaneiro escreve no baú que é operador logístico. E daí teríamos mais de 100 mil operadores logísticos no País…
Operadores Logísticos hoje em dia
Atualmente, o próprio mercado cuida de fazer uma depuração pela qualidade. Operadores logísticos são aqueles que prestam serviços de armazenagem, gerenciamento de transporte e controle de estoques; aqueles que têm agilidade para efetuar o processamento de pedidos; e possuem recursos humanos e materiais para investir e operar tecnologia de informação sofisticada e infra-estruturas complexas. Se isso não impede que empresas executem atividades logísticas especificas, como o transporte de cargas ou simplesmente a armazenagem, também não as capacita à classificação de operadores logísticos.
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Vale assinalar que, no Brasil, chamamos de operador logístico o que, em inglês, é conhecido por Third-party Logistics Provider (ou apenas 3PL), ou, em uma tradução livre, provedor terceirizado de logística. Pois é: provedor terceirizado de logística foi tropicalizado, e na versão tupiniquim virou operador logístico. Mas cuidado: nunca se deve tentar traduzir operador logístico para o inglês como logistic operator, expressão que será entendida como “operador de empilhadeiras”.
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