A crescente cobrança da sociedade e novas exigências legais têm pedido que as construtoras dediquem cada vez mais atenção à gestão de resíduos na construção civil.

As empresas, por estarem dentro do setor da construção, que é um dos grandes geradores, deverão cada vez mais encampar iniciativas para redução e reaproveitamento desses materiais. Da mesma maneira, é importante adotar planos de gerenciamento que criem boas práticas no uso e descarte no canteiro.

Isso porque, os resíduos da construção civil são um dos maiores responsáveis pela produção de lixo no mundo. Esse fator pode se tornar um problema ambiental sério quando não existe um gerenciamento de resíduos adequado. Assim, caliça, entulho ou metralha são três termos distintos para definir a mesma coisa: as sobras das construções. Sendo ainda que estes envolvem desde pedregulho, aço e areia, até argamassa e fragmentos de madeira ou tijolos.

Quer saber mais sobre como fazer o gerenciamento de resíduos da construção civil? Confira o post a seguir e saiba mais!

O que é o gerenciamento de resíduos?

O gerenciamento de resíduos é uma etapa fundamental do planejamento. Especialmente, devido ao grande volume acumulado após o fim do trabalho.

De modo oficial, esses restos são chamados de Resíduos da Construção e Demolição ou Resíduos da Construção Civil (RDC ou RCC). Em suma, as siglas representam todos os pedaços inutilizados e advindos de obras, incluindo reformas, demolições e construções.

No Brasil, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) é o órgão responsável pela resolução 307, de 05 de julho de 2002. Esse documento estabelece obrigações legais relacionadas à gestão de materiais excedentes, voltadas para construtoras e municípios.

A legislação estabelece diretrizes, critérios e processos para o gerenciamento de resíduos da construção civil e sofreu alterações nos anos de 2004, 2011, 2012 e mais recentemente 2015.

Como implantar uma gestão de resíduos eficiente

A gestão de resíduos deve ser um processo totalmente integral à obra, desde seu planejamento inicial.

O ideal é que esse processo seja iniciado na elaboração do Plano de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil (PGRCC), um documento técnico que conta com os cálculos da quantidade de todos os tipos de resíduos previstos nas obras e que estabelece todos os processos para minimizá-los.

Todo o ciclo é responsabilidade da empresa geradora. Assim, o PGRCC deve incluir os métodos de uso, acondicionamento, transporte, tratamento, reciclagem, destinação e disposição final dos resíduos.

Com as diretrizes definidas, o canteiro deve obrigatoriamente contar com estrutura física que permita o armazenamento correto dos resíduos, sejam caixotes, caçambas ou lixeiras.

Sistemas de Gestão

Para implantação desses procedimentos operacionais, é importante a presença de uma estrutura administrativa de apoio, principalmente para o controle dos materiais gerados, a documentação das relações com fornecedores e toda a organização de relatórios.

Para consolidar esse controle administrativo, muitas empresas implementam um sistema específico para a Gestão de Resíduos.

Softwares modernos utilizam tecnologias já bem difundidas e de baixo custo de instalação – como GPS e leitor de código de barras – para automatizar o preenchimento de relatórios, pesagem e identificação da localização de resíduos, por exemplo.

Isso facilita rastrear todo o histórico de um resíduo por lotes, sua quantidade e origem, quando, como e para onde foi destinado. O controle desses dados gera informações valiosas para a obra, que pode prontamente identificar os procedimentos de maior geração de resíduos e buscar ações atenuantes.

Classificação de Resíduos

Atualmente no Brasil, os resíduos da construção civil têm duas definições por entidades diferentes. A distinção entre os tipos de materiais é essencial para a gestão, manuseio e destinação desses materiais.

A ABNT os divide em apenas duas categorias: a Classe I, para resíduos perigosos, e Classe II, resíduos não perigosos que podem ser A – não inertes ou B – inertes.

Já a resolução do CONAMA 307 no artigo terceiro classifica os resíduos da seguinte forma:

I – Classe A – são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como:

  1. a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem;
  2. b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto;
  3. c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meios-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras;

Os exemplos de resíduos da Classe A incluem também solos provenientes de terraplanagem.

II – Classe B – são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso;

III – Classe C – são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação;

IV – Classe D – são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde.

Organização do canteiro

Planejar e implantar a estrutura para a gestão de resíduos é uma das primeiras tarefas no início de um projeto de construção civil.

Ao montar um canteiro de obras, um projeto deve não só contar com espaço para resíduos, mas também a estrutura adequada para seu acondicionamento. Ademais, também é importante planejar o fluxo de movimentação desses resíduos, adequando a disposição do ambiente de forma pertinente à natureza de cada material.

Destinação

O grande objetivo da gestão de resíduos é levar os resíduos da construção a um local em que podem ser reaproveitados ou tratados apropriadamente. Assim, os materiais devem ser separados e transportados adequadamente. Ou seja, deve haver o cuidado de não manusear materiais que não podem estar juntos.

Na parte da documentação, é obrigatório o trânsito de todos os resíduos com o MTR – Manifesto de Transporte de Resíduos. Ele é um documento que contém todas as informações sobre os resíduos, da fonte à destinação. É por meio deles que os órgãos ambientais monitoram a movimentação de resíduos perigosos no país.

E se cada tipo de resíduo deve ser tratado de uma forma particular, os destinatários devem ser escolhidos levando-se em conta essas realidades. A área final do resíduo tem que ser amparada pelas devidas licenças municipais, seja ela prevista para receber materiais de maior ou menor risco.

A construção civil e o meio ambiente

O correto manuseio e gerenciamento de resíduos na construção civil não só diminui os índices de desperdício e os gastos com materiais, como também cumpre papel ecológico e sustentável.

O estudo Gestão de Resíduos na Construção Civil, desenvolvido pelo SENAI em parceria com o SEBRAE, mostra que a construção é responsável por 50% do gás carbônico lançado na atmosfera e por quase metade de todos os resíduos sólidos gerados em escala mundial.

Segundo o material, isso torna o segmento um dos principais vilões ambientais, uma vez que gera algo entre 2 e 3 bilhões de toneladas de entulho todos os anos.

Desafios à gestão de resíduos na construção civil

Segundo o Conama, os geradores (leia-se construtores) devem ter como objetivo prioritário a não geração de resíduos. Assim, secundariamente, devem visar à redução, reutilização, reciclagem e destinação final.

Uma das formas de reduzir é investindo em novos conceitos de projeto e construção, como o das casas modulares. Além disso, mesmo para a construção convencional é possível adotar os princípios da lean construction, que combate o desperdício em suas mais variadas formas.

Em um primeiro momento, isso pode até parecer simples. Mas garantir o destino correto aos resíduos gerados em um canteiro de obras não é tarefa fácil.

Primeiro porque requer de quem está à frente do processo compreender todo o arsenal de leis e normas que regulamentam a atividade. Isso inclui legislações ambientais e leis municipais e de licenciamento ambiental. Além disso, o gestor de resíduos precisa lidar com a falta de pessoal capacitado para transportar os resíduos. Mais do que isso, com a carência de mais locais apropriados para a destinação final.

Quando o descarte envolve um material que tem valor comercial (sucata de aço, plástico e papel, por exemplo), o descarte é facilitado. Isso porque há uma grande quantidade de interessados.

Dessa maneira, para reduzir os impactos ambientais, as construtoras podem selecionar e cadastrar cooperativas e aparistas legalizados nos órgãos municipais. Esses agentes se tornam aptos a receber o resíduo de construção como doação e, em contrapartida, assumem os custos com o frete. Essa é, em geral, uma boa decisão na gestão de resíduos na construção civil.

O problema é quando resíduos a serem descartados não têm valor comercial (gesso, por exemplo) ou se enquadram na classe D (como asfaltos e lamas bentoníticas). Nesses casos, a oferta de locais para destinação é mais limitada, exigindo que a construtora reduza ao máximo a geração.

Conclusão

Como pudemos ver ao longo deste texto, a gestão de resíduos na construção civil vai muito além da decisão sobre onde descartar cada material. A boa gestão de resíduos na construção civil envolve até mesmo questões de projeto, de cultura construtiva e parcerias estratégica.

A gestão de resíduos na construção civil é um assunto que não deve ser tratado apenas como obrigação das construtoras. Pode ser muito vantajoso financeiramente ter uma gestão de resíduos na construção civil de excelência.


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