A logística foi sem dúvida um do setores mais afetados pela pandemia do Covid-19. As restrições causadas pelo vírus tornaram impossíveis a manutenção dos processos da forma como eram antes e isso fez com que mudanças fossem necessárias em caráter de urgência para continuar atendendo as demandas apesar desses obstáculos.
Todas as cadeias de suprimentos globais, foram de uma forma ou de outra afetadas, o que fez com que a grande maioria das empresas tivessem ao menos um fornecedor de primeira ou segunda categoria comprometidos.
Preparamos esse texto para reunir as mudanças mais relevantes deste período e quais dela prometem ganhar ainda mais força em 2022, se consolidando como tendências a serem seguidas pelas demais empresas do setor. Vamos nessa!
O panorama do mercado de logística pós pandemia
Para frear os impactos negativos – principalmente financeiros – e continuar cumprindo obrigações contratuais, as empresas precisaram se mobilizar rapidamente o que fez com que certas estratégias fossem adotadas.
No curto prazo, vimos organizações buscando garantir a segurança de colaboradores, mapear áreas de alto risco e sem substitutos imediatos, estimar estoques ao longo de toda a cadeia, e ainda investigar as demandas do consumidor para projetar cenários e suas implicações financeiras e operacionais.
Esse movimento veio através da realização de planos e contramedidas criadas para assegurar as operações e distribuição no curto prazo. Entre as principais podemos citar:
- Transporte de estoques para áreas que não estavam em quarentena;
- Garantia de capacidade e estado de entrega para fornecedores
- Criação de estoques;
- Opção pelo transporte aéreo, para diminuir o prazo de entrega;
- Redesenho de produtos;
- Ajustes à nova demanda, que pode tanto ter caído quanto ter se elevado subitamente;
- Relacionamento sólido com clientes em caso de atrasos.
A questão é que em muitos casos, essas ações foram uma reação pouco ordenada e guiada pela urgência do momento e não necessariamente pelas melhores decisões. Esses desafios mostraram que apenas uma pequena minoria das empresas, que investiram em mapeamento de sua rede de suprimentos antes da pandemia, estavam bem preparadas.
Só que agora que a pandemia começa finalmente a caminhar para o seu fim, é hora de tomar as decisões que guiaram os processos da empresa pelos pros anos, considerando que voltarão a ser anos de normalidade e retomada da economia como um todo. Então, como se preparar agora para o que ainda está por vir?
É preciso saber quais as tendências que se desenham na logística no pós-pandemia e sobre isso que falaremos agora
Quais tendências mais se destacaram?
De forma geral, aumentar a resiliência será uma prioridade para muitos quando emergirem da crise atual, mas como conseguir conjugar recuperação e criação de resiliência com custos para o futuro? No geral, as medidas de mitigação de riscos no curto prazo, citadas acima, dão os fundamentos para as ações futuras.
Vejamos quais as tendências mais relevante para o pós-pandemia.
1. Nearshoring: produção em regiões mais próximas
Uma opinião até o momento unânime entre os especialistas é que preço não compensará a distância dos fornecedores. A verdade é que a paralisação das operações mostrou a fragilidade criada pela dependência de certos fornecedores e países, como a China.
A China criou uma enorme logística de transporte com portos, rotas de embarque, aviões que são capazes de transportar todos esses bens para dentro e fora da China. Nesse caso, se por um lado encontrar fornecedores alternativos em países do México e Europa Oriental exigirá um grande esforço, por outro parece que as organizações estão dispostas a isso.
Se antes o mais importante era obter um insumo pelo custo mais baixo, agora, por questão de segurança, as empresas vão começar a olhar para produções em regiões mais próximas. Isso, no entanto, não significa a interrupção do processo de globalização e de integração das cadeias de suprimentos, mas sim uma desaceleração.
2. Múltiplas fontes: diversificação do local de produção
Outro ponto bastante relevante é considerar que as empresas vão querer diversificar o local de produção, como resposta a essa desaceleração da globalização da cadeia de suprimentos, mas também a fim de reduzir a dependência exclusiva de um país ou de um fornecedor.
Nota-se uma verdadeira queda de confiança nesse modelo, ainda que ele se prove como o mais em conta. A ideia por trás desta tendência, assim como a primeira, é dividir grandes cadeias de suprimentos em estruturas menores e mais ágeis, que se adaptam melhor a cenários mais complexos.
Nesse sentido, o custo de reter múltiplos locais de suprimentos deve ser visto mais como um custo inerente aos negócios do que como ineficiência. No entanto, essa tendência deve ser equilibrada em função dos custos, da necessidade de racionalização e de auditoria das cadeias, que tende a fazer com que a quantidade de fornecedores diminua.
3. Visibilidade da cadeia de suprimentos
Ter boa visibilidade das estruturas da cadeia logística ajudou a minimizar a correria quando a pandemia estourou. Afinal, as organizações precisam entender onde elas têm problemas. Por isso, é claro que esse mapeamento vai ajudar depois também, sendo mais uma tendência para logística nesse cenário pós-pandemia.
Convenhamos que esta tarefa não é trivial, já que é complicado chegar a fornecedores de nível 2 ou nível 3. Fatores como custos, tempo e trabalho acabam tornando esse processo inviável. Não é por acaso que na prática, poucas empresas mantém uma boa visibilidade de sua cadeia de suprimentos assim como a agilidade necessária para mudá-la rapidamente.
A recomendação é criar uma cláusula no contrato de fornecimento que leve o fornecedor a contribuir com esse mapeamento. Para isso, contar com a ajuda dos seus fornecedores é fundamental: o que nos leva a próxima tendência em logística para 2022.
4. Mais colaboração com fornecedores
Quando a organização tem visibilidade de suas cadeias de suprimentos, criam-se as condições para uma das tendencias mais consolidadas entre as que trouxemos nessa lista: a colaboração cada vez maior entre empresas e fornecedores.
Com essa parceria, o ecossistema de suprimentos será reforçado como um todo, criando facilidade de gerenciamento em momentos de expansão e maior resiliência em momentos de crise. O que tornará os processos mais seguros e alheios a falhas, mantendo uma estrutura forte e competitiva independente dos obstáculos econômicos.
Em suma, em 2022 será crucial para ambas as partes trabalhar com fornecedores para ajudá-los financeiramente.
5. Digitalização da cadeia logística
Se você conhece a sua cadeia logística nos detalhes em todos os seus níveis porque conta com a colaboração de fornecedores, o próximo passo deve ser digitalizar isso tudo.
Isso porque, além do foco em poucos centros de produção, a pandemia mostrou fragilidades como a inadequação de estoques, o gerenciamento manual, a baixa transparência e a falta de flexibilidade em logística. Todos esses problemas estão relacionados à falta de visibilidade da cadeia de suprimentos, mas também à falta de inteligência.
O que o mercado mostra é que muitos problemas são agravados porque as empresas não possuem tecnologia para suportar simulações; portanto, elas não conseguiam antecipar a demanda e a oferta observando vários cenários.
Assim, tecnologias como a inteligência artificial e o machine learning são ferramentas essenciais para o futuro da logística, tornando possível predizer riscos e oportunidades com base em dados geográficos, macroeconômicos e políticos.
Isso proporciona muito mais velocidade na identificação de problemas e consequentemente muito mais agilidade na tomada de decisões. Ou seja, fica claro que colocar nas mãos dos gestores de logística tecnologias que gerem inteligência será valioso durante o pós-pandemia.
Logística em 2022: aprender para otimizar
Os impactos da pandemia na logística não foram pequenos, e a maioria das organizações ainda os está avaliando e quantificando, mas isso com certeza aprofundará seu aprendizado.
Esse novo conhecimento, nas empresas que estão na vanguarda em operações de suprimentos, vai conduzir a reconfigurações abrangentes e duradouras, para criar resiliência e competitividade. Junto a isso, é preciso ter em mente que essas mudanças não são simples: custarão tempo, trabalho e investimentos das organizações e necessitam de inteligência e planejamento.
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